Há uns dias...foi próximo do meu aniversário, o meu pai apareceu lá pelo escritório onde trabalho e ofereceu-me um poema que uns dias antes tinhamos falado...eu até considerei um presente...coloquei na minha secretária mesmo no centro e nas pausas vou lendo...é estranho, real...hoje decidi colocar aqui e espero que apreciem...
OS AMIGOS
Amigos, cento e dez, ou talvez mais,
Eu já contei. Vaidades que eu sentia:
Supus que sobre a terra não havia
Mais ditoso mortal entre os mortais!
Amigos, cento e dez! Tão serviçais,
Tão zelosos das leis da cortesia
Que, já farto de os ver, me escapulia
Às suas curvaturas vertebrais.
Um dia adoeci profundamente. Ceguei.
Dos cento e dez houve um somente
Que não desfez os laços quasi rotos.
Que vamos nós (diziam) lá fazer?
Se ele está cego não nos pode ver.
- Que cento e nove impávidos marotos!
Camilo Castelo Branco